Era eu uma cachopita com 16 ou 17 anos quando um dia descobri uma rádio chamada Voxx. A minha cultura musical mudou nesse dia.
Os slogans: “Refugado e Hortelã o seu programa da manhã.” ou “Voxx. Dêem-nos a Antena 3 e nós fazemos uma rádio a sério.” Eram qualquer coisa que me alegrava o dia... E depois havia aquele programa apresentado pelo Rui Vargas, o “Casa, Bateria e Baixo”, apesar de muita coisa do que lá passava ser incompreensível para os tenros ouvidos, já naquela altura me apercebia que não desgostava de todo daquela música.
Mais tarde, já perto de completar 18 anos, e com um mini-rádio (da propaganda médica) que me acompanhava no trajecto casa-IST descobri, numa cinzenta tarde de Outono, perto da Praça do Chile, uma nova estação de seu nome Oxigénio. E a transformação completou-se como a metamorfose de uma borboleta. Era realmente “música para respirar”. Alegrava-me os raros momentos de publicidade. Alegrava-me a música que lá passava. E alegrava-me o facto de puder respirar música. Agora, 5 anos depois, continua ainda a ser a minha rádio de eleição (apesar de algumas mudanças no conteúdo e formato da rádio). Na verdade posso dizer que esta rádio mudou algumas coisas na minha vida musical e não só. Por exemplo alterei as minhas horas de estudo: comecei a estudar à noite, porque todos os dias entres as 00h e as 01h passava um programa (Heinekein Lounge) que me deixava possuída de tão bom que era. Mais tarde apaixonei-me pelo “Let’s get lost” apresentado por Rui Murka. Estes programas foram extintos, mas outros tantos foram criados, nem todos com a mesma qualidade, but still...
E já que falo do meu percurso radiofónico, não posso deixar de falar da Rádio Marginal, descoberta talvez uns escassos meses antes da Oxigénio, também por acaso e apesar de não ter sido paixão à primeira escuta, não posso deixar de louvar e de agradecer os grandes momentos de jazz e blues proporcionados por este magnífico “FM mais perto do mar”. Lembro-me da primeira vez que ouvi “Everybody loves the sunshine” de Roy Ayers, ou como me apaixonei por Stevie Wonder (antes da época do “I just call to say I love you”), ou por Nina Simone, Pat Matheny, Marvin Gaye, ...
Muito da minha (pouca) cultura musical devo-a a estas três rádios e às pessoas com quem tenho partilhado vivências nos últimos 5 anos.
E já que estou emigrada, falo ainda um pouco das rádios desta terra. A minha cultura radiofónica neste país está intimamente confinada ao rádio do lab, da cozinha e do duche. E infelizmente só sei os nomes de duas estações belgas: Radio 1 e Studio Brussels. Todas as estações que ouvi, apesar de roçarem o formato “Mega FM” ou “RFM” são substancialmente melhor do que as que ouvi na vizinha Holanda (para além de estes moços por aqui terem um sotaque muito mais interessante). Mas vou-me focar no rádio da minha casa de banho, que está sintonizado numa espécie de “Rádio Nostalgia” aqui do sítio, especialmente na nostalgia dos 80s e (início) 90s (o que para quem me conhece sabe que me deixa em delírio). Os tipos até têm pontaria e ouve-se desde New Order, Depeche Mode, The Smiths, The Cure, A-ha, The Clash, The Doors, Madonna (na sua época “Like a Virgin”), Police, The Who, … Eles estão lá TODOS! E digo-vos que há pouca coisa melhor do que tomar a banhoca matinal ao som de “Enjoy the silence” dos Depeche Mode.
2 comments:
É saboroso ler pensamentos semelhantes em posts alheios! :-)
Subscrevo por inteiro.
Acrescentaria ainda mais outras estações na Grande Lisboa a merecerem uma audição conforme gostos individuais: Rádio Radar (mms://stream.radio.com.pt/ROLI-ENC-201) e Clássica FM (que ocupara a frequência 106.2 da Luna com desígnio próximo).
A Voxx por sua vez tomara espaço mais ou menos análogo de um excelente projecto com um slogan fantástico: XFM, a rádio para uma imensa minoria!
Voxx. Cada escavadela uma minhoca.
Voxx. Refugado de Hortelã, o seu programa da manhã. Um espaço de esfregona e alguidar com o patrócinio do arroz Unidos Venceremos.
(Obrigada Mike Shulman)
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