Saturday, August 08, 2009

Telenovelas

Eu que nunca fui fã das histórias do Tozé Martinho e da estação de Queluz, estou a viver uma telenovela digna de qualquer Globo d’Ouro do Coliseu dos Recreios e de qualquer Gala da Ficção Nacional. Até o recém demitido Mr. President Moniz arregalava os olhos a uma coisa destas...

Ora vejamos,

Uma equipa técnica, composta maioritariamente por assistentes-de-qualquer-coisa.
Um elenco fraquinho, mas isso também não interessa nada (porque o que o povo gosta é de mamas rijas e botox).
Cenários de luxo: Madeira, Marrocos, Bruxelas, Lisboa, Montijo, Almeirim, ...
Personagens complexas, e que para além de viver a tempo inteiro a história não têm mais nenhuma ocupação. Já alguém viu uma personagem de telenovelas cuja a sua profissão seja médico, a representar o exercício da medicina? Ou naquela sala de frutas açucarada dos finais de tarde da TVI, os miúdos fazem de estudantes do secundário, mas já alguém os viu na sala de aula? a fazerem exames nacionais? testes? ou a estarem nas aulas sem ser aos coxixos?
Depois há a má, o bom, a boazinha, e a figuração especial. Até agora, ainda não entendi bem qual é a minha personagem, mas segundo as mais recentes estatísticas, devo ser a má.
Há ainda, aquele detalhe sublime em qualquer novela da estação de Queluz, que é o tempo que demora a que uma dada personagem se decida se vai ou não comer a torrada (cerca de 5 episódios), e quando finalmente se decide que vai realmente comer a torrada (mais 2 episódios), há aquela dúvida qual a geleia que deve por na torrada (cerca de 10 episódios). Ora aqui está, uma dinamica televisa claramente inspirada no Dragon Ball.
Claro que a culpa é da personagem má, que quer é ir para as compras (Gucci, Prada, ... está claro!), e que não deixa o bonzinho tomar a porra o pequeno-almoço descansado. Isso causa um grande stress no pobre coitado, o que ainda faz demorar mais tempo ainda para decidir que sumo natural vai beber (cerca de 15 episódios).

Só falta o suícidio em massa, o atropelamento, que trará o fim da má: ou morre ou vai apodrecer na prisão. Completado com o casamento do bonzinho e da boazinha (um com o outro, ou com qualquer outro figurante especial).



Claro que ninguém se esquece do "Roque Santeiro", da "Pedra sobre Pedra", ou da "Tieta do Agreste", mas no caso das telenovelas da TVI, são como as bacoradas da Manuela Moura Guedes: hão-de vir outras, para fazer esquecer estas.

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